Durante o 83º Fórum do Conselho Nacional de Secretários de Administração (Consad), realizado em Pernambuco nos dias 15 e 16 de setembro, assessores de comunicação das Secretarias de Administração de oito estados se reuniram para debater estratégias que auxiliem e melhorem a divulgação da Gestão Pública na mídia de uma forma geral. Ao todo, 12 jornalistas dos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Distrito Federal, Espírito Santo e Rio Grande do Sul estiverem presentes no evento.
Em fevereiro deste ano, em reunião extraordinária do Consad em Brasília foi criado o Grupo de Trabalho (GT) de Comunicação com o objetivo de reunir os assessores de comunicação dos estados para discutirem, trocarem experiências e fortalecerem a divulgação da gestão pública. A reunião realizada em Pernambuco foi a terceira do GT, que possui programação paralela ao Fórum realizado pelos secretários.
Nessa última reunião, na quinta-feira (15.09), a assessora de Comunicação da Secretaria de Administração de Pernambuco, Mariana Fragoso, apresentou a composição da assessoria e um case de sucesso na área em seu estado, que neste caso foi a troca do banco pagador dos subsídios dos servidores públicos. Mariana explicou qual foi a estratégia de comunicação utilizada por Pernambuco, juntamente com o banco, para informar e esclarecer os servidores públicos sobre as alterações que estavam sendo realizadas e o porque delas, causando o menor transtorno possível ao servidor.
“Apesar do tamanho da operação e por ter sido tudo realizado da melhor forma possível, pois foram antecipadas situações que poderiam acontecer, conseguimos que as matérias veiculadas fossem positivas a mudança. Praticamente não sofremos críticas”, explicou Mariana.
Ela contou que o valor da licitação para a troca de banco pagador foi de R$ 700 milhões e envolveu a convocação de 200 mil servidores ativos, pensionistas e comissionados para abrir uma conta no novo banco. Foram criadas para isso cinco centrais de atendimento exclusivas. As contas eram pré-cadastradas, mas mesmo assim o servidor precisava comparecer as centrais em datas estabelecidas conforme a letra inicial de seu nome para assinar o contrato e efetivar a conta.
Foram realizadas campanhas publicitárias nos principais jornais impressos e televisivos, além das rádios da capital e do interior. Em dois meses foram veiculadas 87 notícias de rádio 47 matérias nos principais jornais impressos do estado. Mariana explicou que a ação foi exclusiva do banco vencedor, mas a comunicação da SAD/PE caminhou junto com a assessoria do banco, acompanhando e aprovando as peças publicitárias, assim como as denúncias.
Já na sexta-feira (16.09), foi realizada uma mesa redonda com a diretora da TV Globo Nordeste, Jô Mazzarolo e o Secretário de Imprensa de Pernambuco Evaldo Costa. Foram quase três horas de debate sobre como as assessorias de comunicação podem se envolver de forma positiva com a mídia privada nos momentos de crise, até mesmo para evitá-los.
Jô foi direta ao ponto esclarecendo que “o silêncio em momento de crise é a pior resposta”. E continuou. “A nota é quebra-galho do momento. Nestes momentos de crise, para a população ver o rosto, a imagem de alguém que passe credibilidade, é de suma importância. É fundamental que a resposta tenha uma identificação, é uma questão de consideração com a população e com o veículo de comunicação”.
Mas por outro ponto, Jo explicou que é fundamental que os dois lados tenham o mesmo espaço em uma matéria produzida pela mídia privada. “É necessário não confundir omissão com isenção. Ouvir o outro lado de última hora não é isenção, é omissão. Isenção é dar o mesmo tratamento para os dois lados”, completou.
Já Evaldo ressaltou que as crises são inevitáveis e devem ser tratadas com muita naturalidade, com calma. “Não só nas crises, mas também em lançamentos de programas de governo. Deve-se ter uma atitude positiva junto a mídia, não é só mandar release e notas”.
O secretário de imprensa de Pernambuco também lembrou que a melhor forma de enfrentar a crise é corrigir o que está errado e trabalhar para que dê certo. “É preciso ter a capacidade de dizer que aquilo deveria ter sido evitado, mas não foi, mas que agora serão criadas as condições para que não aconteça novamente, e os danos causados serão reparados o mais rápido possível”.
Tanto Jô quanto Evaldo concordaram em um ponto. “O assessor de comunicação têm papel fundamental para evitar a crise”, ressaltou Evaldo. “Fazendo o papel de facilitador e não de atravancador. O trabalho de assessoria de imprensa não é só mandar release, é levar uma ação de governo consequente e verdadeira”, enfatizou Jo.
Ao final da reunião, Evaldo ressaltou a importância do evento. “Este tipo de discussão é uma ótima idéia, por que nós jornalistas temos uma resistência muito grande de se reunir, de aprender, e a realização deste tipo de reunião aqui é uma quebra de cultura. Tem que se estimular mais diálogo entre os jornalistas e este bate-papo é um aprendizado muito grande, para todos que participaram”, concluiu.