Falava eu, outro dia, sobre o compromisso dos cristãos também na política, quando fui interpelado por alguém que questionou: “me desculpe, mas é possível misturar fé e política?” Fez-se um silêncio e então ponderei: “você me perguntou se é possível misturar fé e política e eu pergunto: é possível separar fé e política?”
Caro leitor, foi dada a partida para as próximas eleições, e no âmbito religioso se pergunta: o que a fé tem a ver com a política? Compreendendo a “Política” como “ação pelo bem comum”, pode-se afirmar que Fé e Política não se separam.
O Documento de Puebla nos ensina que “não existe fé autêntica sem um consequente compromisso social.” O Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica “Christifideles Laici”, sobre os leigos, nos exorta: “para animar cristãmente a ordem temporal, no sentido de servir a pessoa e a sociedade, os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na política, ou seja, da múltipla e variada ação econômica, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum” (CfL 42).
No Documento “Catequese Renovada”, a Igreja também insiste: “os cristãos, como cidadãos do mundo, têm uma missão irrenunciável nas diversas instituições do mundo social e político, para que aí se realize o Reino de Deus” (CNBB 26, 300).
Para nós, cristãos, a ação política deve ser consequência de uma fé consciente e madura.
O Papa Paulo VI foi mais longe, afirmando que “a Política é a mais perfeita forma de vivermos o Mandamento do Amor”, por isso ela é uma mediação privilegiada da caridade; a fé cristã a valoriza e a tem em alta estima.
O Concílio Vaticano II incentiva: “Os católicos versados em política, e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã, não recusem cargos públicos, se puderem por uma digna administração prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o Evangelho” (AA 14). Podemos, então, afirmar que “o cristão na política abre caminho para o Evangelho”.
A Boa Nova de Jesus, o seu Projeto de vida e vida em abundância, avançam quando a política é séria e comprometida, sendo colocada a serviço do bem e da construção de uma sociedade justa e solidária.
A Bíblia situa sempre esse compromisso político dentro do horizonte maior da fé, para não ser reduzida a um simples “livro de política”, pois é, antes de tudo, um “livro religioso”.
Vejamos bem: A) o livro do Êxodo. Revela Deus como o Deus dos oprimidos e, cuja libertação, é concreta. O Deus bíblico, “Deus vivo e verdadeiro”, é sempre o Libertador. Optar pelos oprimidos, eventualmente contra os opressores, tal é a “política de Deus”, na Bíblia.
A libertação divina na história é, por um lado, “libertação-de” (escravidão do Egito) e, por outro, “libertação-para” (a Terra Prometida, onde se construirá a nova sociedade). B) Os Profetas.
Anunciam a Deus como o “Deus da Justiça” e denunciam uma religião separada da vida, com seus ídolos (cf. Amós 5, 21-27). Anunciam sempre um mundo novo, onde reinará a justiça e a amizade com Deus (Isaías 11). C) Os Evangelhos. Jesus anuncia o Reino como a “renovação absoluta”, a “libertação plena” para o mundo.
O Reino inclui uma dimensão pessoal (fé, conversão), uma dimensão final (ressurreição e vida eterna), mas também uma dimensão social (libertação das doenças, da fome, etc.) (cf. Lc 4, 1ss).
Quanto à sua prática, Jesus: liberta o povo dos males concretos (sinais ou milagres) (cf. Lc 7,21-23) e sempre toma a defesa dos pequenos contra os grandes (cf. Lc 13,10-17). D) Nos outros livros do NT: Atos, Cartas, Apocalipse, etc., tira-se o seguinte ensinamento: o compromisso social do cristão não é certamente o coração do cristianismo (por isso não deve ser absolutizado), mas está intimamente ligado ao núcleo da fé cristã, isto é: à verdade da fé: “Cristo é o Senhor” (1Cor 12,3): Cristo deve ser Senhor também no espaço político; ao preceito da caridade (Mt 22,34-40): e desta, a política é uma forma exigente e necessária.
A Bíblia, portanto, revela a vocação integral do ser humano, e isto implica numa responsabilidade também política, a ser vivida de acordo com o Plano de Deus.
Preparemo-nos, pois, através de um bom conhecimento dos candidatos que se apresentam para as próximas eleições.
Trata-se aí de uma dimensão integrante, altamente significativa para nós hoje e da qual nenhum cristão deve abrir mão.
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