O Centro de Saúde de Araputanga teve quantidade não revelada de vacinas perdidas por falta de refrigeração. O fato se deu, provavelmente entre o final da primeira e a terceira semana do mês de janeiro.
A reportagem da Folha de Araputanga recebeu uma denúncia anônima sobre o assunto que apontava para a perda de centenas de vacinas.
Ao investigar o fato descobrimos que “alguém” teria desligado o cabo de energia que liga o refrigerador à rede elétrica e, por isso, as vacinas que necessitam estar conservadas em temperatura controlada, perderam-se.
Mas essa é apenas a ponta do iceberg. Para comprovar a denúncia, buscamos o local da possível “desova” das vacinas estragadas. Quem trabalha com jornalismo sabe e precisa saber em detalhes os bastidores e os labirintos de uma cidade. Nossa busca chegou a um antigo incinerador instalado no lixão de Araputanga (e como a reciclagem nos faz falta e, vergonha).
Talvez nossa percepção exagere, porque dadas as codições do local, no lixão, não é possível mensurar a quantidade aproximada do material "perdido", apesar da denúncia apontar centenas de vacinas, esperávamos encontar apenas 20, 30 talvez 100 vidros do material.
Sobre uma “batata quente” como essa ninguém quer falar ou se responsabilizar. Como a quantidade, a espécie e o porquê ainda não foram informados pela Secretaria Municipal de Saúde, ousamos chamar um vereador, que é fiscal do povo. Chamamos o vereador Ilídio da Silva Neto, presidente da Câmara para, juntamente com a Folha de Araputanga, colocar as mãos no lixão e colher algumas amostras que ainda estão com o imunizador dentro do vidro. Ao mesmo tempo, fotografamos o local para avaliar a dimensão da perda.
É necessário agora, que as autoridades se pronunciem sobre o assunto. Não estamos falando de “caça às bruxas”, mas de cumprimento do dispositivo constitucional que assegura o direito de informação à sociedade e, além de tudo, o cumprimento, também, do Artigo 37 da CF 1988 no quesito transparência.
Também é necessário dar respostas consistentes às perguntas: se as farmácias, drogarias, hospitais e afins, necessitam de uma empresa devidamente credenciada para recolher o chamado lixo hospitalar, por que o município de Araputanga pode lançar vacinas no lixão incinerando livremente? Esse procedimento atende às normas estabelecidas na legislação em vigor?
Nossa visita à Secretaria Municipal de Saúde foi acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Araputanga. Em conversa com a Secretária Renata ela admitiu que as vacinas foram perdidas. Disse que o processo de apuração de responsabilidades está em andamento. O que ninguém consegue explicar é: qual a razão do material não haver sido completamente incinerado?