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Artigo

Comportamento como novo paradigma

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FONTE

Ilídio da Silva Neto*

Segunda-feira 12 de setembro de 2011. Naquela data o então presidente da Câmara Municipal "balançou os alicerces" do araputanguense quando usou da palavra para protestar contra a esculhambação que a cidade estava vivendo. No mês de junho daquele ano, a Folha de Araputanga noticiava em uma de suas manchetes que "Aproximadamente cinquente residências de Araputanga podiam estar na lista de bandidos para serem assaltadas". O então vereador estava em viagem para a América do Norte e, ao retornar e tomar conhecimento da onda de violência que submetia a população da cidade Ilídio da Silva Neto, na condição de presidente do Legislativo demonstrou seu descontentamento com a desordem materializada na onda de assaltos.

“Fui aos Estados Unidos, graças a Deus estou bem e cheguei aqui à turbulência estava aí”, disse referindo-se a falta de segurança e ordem pública que se encontrava a cidade, e apontou um dos culpados, a falta de compromisso do Governo do Estado e foi claro ao dizer: “Esse governinho vagabundo que nós temos no Estado. Da Tribuna da Câmara ele atacou dizendo que nunca votou no PMDB e não vota porque o povo não presta. Ah raça ruim que tem”, afirmou.

A sacudidela não recaiu apenas sobre o governo do estado. Ilídio cobrou também a população  e disse que o sujeito que tem sua residência assaltada e não sai para reclamar é frouxo. Pronto, suas palavras foram suficientes para parte da imprensa malhá-lo. Na Sessão seguinte, inclusive alguns de seus então colegas de legislativo, que nada fizeram para defender a população, que se via refém de bandidos, se mostravam muito ofendidos e usaram diversos argumentos para tecer críticas ao então presidente que ficou 16 anos no mandato de vereador, e nunca teve nenhuma condenação.   O então vereador sempre teve coragem de dizer a verdade e falava inclusive que tinha vergonha de ser político por ver tanta coisa errada na política sem conseguir consertar. Quando expressava, fala-va «duro» e, alguns não acreditavam nele. Sabemos que aquele que tem coragem de falar a verdade paga um preço alto. E agora?

Deixemos Araputanga de lado. O tempo passou e os diversos abusos sobre a população abriu a porta para o povo ganhar as ruas em todo o Brasil e gritar por Justiça contra a corrupção, a violência, os abusos, e os desmandos de toda natureza. Os protestos alcançaram cerca de 353 cidade no país. A "onda" que passou  arrebanhando gente que gritava nas ruas com faixas e cartazes contagiou, também, parte dos nascidos e habitantes desta terra. Mas a menor cidade a se rebelar não foi Araputanga e sim, Figueirão (MS), que tem 2,9 mil habitante, Sentindo-se massacrado pela corrup-ção o brasileiro tem se manifestado em massa, nas ruas, particularmente nas grandes capitais, contra a classe política que adotou o silêncio para desconversar o assunto. Talvez o momento seja oportuno para utilizar o principal bordão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para dizer que "nunca antes na história deste país" o povo demonstrou tanta coragem para dizer NÃO contra os corruptos, a corrupção e o mal que fazem à nação

O interessante é observar como aqueles que podem se enquadrar como corruptos nada dizem e, salvo honrosas excessões de quem já condenava abertamente a prática da corrupção, os demais usam "biombos" como a maldita bandeira do corporativismo para permanecer calados e votar em caráter de celeridade no Congresso.

Voltemos então, para o cenário municipal. O certo é que em 2011 alguns araputanguenses rea-giram às palavras de Ilídio,  ainda que tal reação,  possivelmente tenha ocorrido por manipulação a partir de argumentos que podem ter distorcido contexto e significado daquilo que Ilídio disse. O tempo passou e, mais uma vez, demonstrou que a sinceridade do então vereador  tinha endereço certo: o povo não agüenta mais corrupção e políticos desonestos que prometem e não cumprem.

A proposta para acompanhar o que fazem os eleitos, embora antiga é muito atual. Algumas perguntas se impõe para aferir em que situação estão nossos representantes: como andam a atenção e o interesse dos eleitos, para o cumprimento das propostas de campanha? será que todos ainda se lembram?

Está na hora dos políticos, sacudidos pelos protestos, começar a praticar um modelo novo de política, um novo paradigma... Econo-micidade, resultado do trabalho proposto e, prestação de contas seria um caminho. Outra bandeira seria a redução dos enormes e gordos salários, pagos com o dinheiro suado dos nossos impostos.

Você sabe, por exemplo, quanto ganha o político que você elegeu?

* Cidadão araputanguense.