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VÁRZEA GRANDE - MPE requer fechamento de Centro de Recuperação de Dependentes Químicos
Por: ANDRÉIA MEDEIROS
O Ministério Público
do Estado de Mato Grosso, por meio da 6ª Promotoria de Justiça Cível de Várzea
Grande, ingressou com ação civil pública com pedido liminar para que as
atividades do Centro de Recuperação de Dependentes Químicos – JKR, localizado
em Várzea Grande, sejam encerradas. A medida judicial foi proposta contra a
unidade de internação, sob responsabilidade de Maria do Carmo Ferraz Albues e
Kleber Ferraz Albues, Município de Várzea Grande e o Estado de Mato Grosso.
A propositura da ACP ocorreu após
relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos, apresentado pelo
Conselho Federal de Psicologia. O último foi realizado em agosto de 2016,
quando a Vigilância Sanitária identificou 24 irregularidades relacionadas às
péssimas condições sanitárias e estruturais do Centro de Recuperação. Conforme
consta no documento, duas mil pessoas já foram internadas no referido centro. O
custo mensal da internação é de aproximadamente R$ 2 mil e atualmente possui
cerca de 40 pacientes.
Na ação, o MP pede que a Justiça determine
o fechamento do Centro por não atender as condições mínimas de funcionamento
estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária; ao Estado de Mato
Grosso e o Município de Várzea Grande para que procedam no prazo máximo de
cinco dias, a contar do recebimento da intimação da sentença, o cadastramento
de todos os pacientes que se encontram hospedados na unidade de internação e
manifestem interesse na continuidade do tratamento da rede pública,
encaminhando-os para que possam realizar o adequado tratamento de saúde; por
fim, o ato de fechamento deverá ser conduzido por agentes da vigilância
sanitária do Município de Várzea Grande e do Estado.
HISTÓRICO: O Centro de Recuperação é uma instituição privada de internação
voluntária, compulsória e judicial para dependentes químicos do sexo masculino.
Iniciou usa atividades em 2009 em Cuiabá e, em 2012, transferiu os trabalhos
para o bairro Parque Del Rey em Várzea Grande.
Ainda de acordo com o órgão ministerial,
desde 2011, após registro de uma ocorrência policial com relatos de crime de
tortura e outras irregularidades, o local passou a ser monitorado pelo Poder
Público e, na sequência, também pelo Ministério Público. “Oportunidade em que
foram descobertas severas irregularidades que indicavam o despreparo técnico
para o tratamento da dependência química, a leniência dos administradores e a
falta de providências por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização e
interdição do local”, traz trecho da ACP.
Além da vítima que relatou ter sofrido
abuso sexual por funcionários da Clínica; várias outras denúncias de tortura,
maus tratos e cárcere privado foram registradas por ex-pacientes. Em 2011,
também foi registrado um homicídio dentro da Clínica.


